quinta-feira, 27 de setembro de 2007

O gato.

-Tira esse bicho daqui agora!!
-Mas meu amor...
-Não quero saber, tira isso daqui agora! Onde já se viu, trazer um monstro desses aqui pra casa.
-Hunf, definitivamente, eu desisto de tentar entender as mulheres. Elas reclamam que a gente não se importa com elas, que não damos atenção e quando a gente faz alguma coisa elas dão um ataque histérico.
A Silvia sempre foi muito temperamental, mas depois que descobriu que estava grávida ela piorou. Fica reclamando que eu não paro em casa, que ando trabalhando demais que não tenho mais tempo pra ela... Poxa, eu tenho me desdobrado pra fazer todas as suas vontades e satisfazer seus desejos loucos, pra no fim ser chamado de insensível e omisso. Não dá pra entender.
Depois do incidente com o sorvete há dois dias atrás, a Silvia resolveu fazer greve de silêncio e como se não bastasse não falar comigo, passou a agir como se eu não existisse. Eu bem que tentei conversar, pedir desculpas, mas não teve jeito, ela estava irredutível. Depois de dois dias sendo ignorado, resolvi fazer alguma coisa pra acabar com essa situação, fiquei o dia todo pensando no que fazer e nada. Pensei em flores mas ela é alérgica a pólen, chocolate ela não pode por causa da dieta que o médico passou, enfim, estava totalmente sem opções. Já tinha desistido de fazer as pazes com ela quando encontrei dentro de uma gaiola a soluço dos meus problemas.
Estava passando em frente a um Pet Shop quando vi um filhote de simês a venda. O bichinho era uma graça todo branco com os olhos azuis impossível não gostar.
Pedi pra vendedora amarrar uma fita vermelha no pescoço do bichinho e colocá-lo dentro de uma cesta. Quando cheguei não tinha ninguém em casa, ela devia ter ido pra casa da mãe, definitivamente estava me evitando mas aproveitei que ela tinha saído pra preparar minha surpresa. Forrei na cama uma colcha que tínhamos ganhado de presente de casamento que só era usada em ocasiões especiais e coloquei a cesta com o gato em cima, escrevi um bilhete coloquei ao lado e fui tomar banho. Tinha tanta certeza do sucesso que minha surpresa iria fazer que fui me preparar para sua chegada. Tomei um banho demorado, passei o perfume que ela gosta, e fui fazer a barba. Estava todo entretido espalhando o creme de barbear pelo rosto quando ouvi o já conhecido grito histérico da Silvia. Saí correndo do banheiro com o rosto sujo e a loção pingando pelo chão para ver o que tinha acontecido. Quando cheguei, vi a colcha toda rasgada espalhada pelo chão e a Sílvia correndo atrás do gato pelo quarto. Na hora me dei conta do erro que havia cometido trazendo o bichano pra casa, mas como eu ia adivinhar que um gatinho inofensivo daqueles iria destruir a colcha favorita da minha mulher? Eu juro que tive a melhor das intenções mas vai convencer ela disso.
- Mas Silvia, eu não tive culpa...
- Claro que teve, onde já se viu trazer esse monstro pra dentro de casa.
- Mas meu amor, era um presente pra você.
- Presente? Onde já se viu me dar uma fera dessas de presente?
- Mas...
- Não tem mais nem menos, eu quero esse bicho fora daqui agora!
- Ta vendo, é isso que dá tentar agradar mulher. Agora vão ser mais dois dias de greve de silêncio dormindo no sofá...

Um comentário:

Fala Rapha disse...

Olá! Bom, o abacaxi é uma coisa realmente muito tosca... Se acha O Jesus só porque tem coroa de espinhos...
Mas enfim, adorei seu blog! Ri demais com a história do "Gatossauro!". Vou ler outros posts! Muito bom.
Ah meu perfil no orkut: http://www.orkut.com/Profile.aspx?uid=1924562966450773215
pra facilitar sua vida!
Beijos pra você.