quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

Calor.

Mãe: Que estranho acordar com um pé de meia e outro sem, que será que aconteceu?
Filho: Eu tirei.
Mãe: Mas porque você tirou um pé só?
Filho: Porque um pé estava descoberto e o outro não, aí eu tirei a meia do que tava coberto pra vc não sentir calor e deixei o que estava descoberto de meia pra você nao sentir frio.
Mãe: Ai senhor, o que eu faço com essa criança?

terça-feira, 16 de novembro de 2010

A fuga.

- Está de castigo!
- Também não quero mais morar nessa casa.
- Ah não? Então pode ir embora.
- Agora não né mãe, tá de noite. Vou embora amanhã de dia.
- Ah tá, então amanhã você pode pegar suas coisas e ir embora.
- Vou mesmo mas depois do almoço porque senão fico com fome...
- Isso é porque só tem seis anos imagna com quinze...

sexta-feira, 26 de março de 2010

Reticências...

- Então é isso.
- Acho que ficamos assim...
- ...
- Te acompanho até a porta.
- Não precisa.
- Faço questão.
- Acho que já vou...
- Tá...
- você vai ficar bem?
- Vou...
- Vou sentir sua falta...
- Acho melhor você ir.
- Tá...
- Até mais.
E no final, um abraço e um aperto de mão foi só o que sobrou como se não tivesse existido nenhuma história entre eles.

quinta-feira, 3 de setembro de 2009

Recomeço...

E finalmente tinha terminado.
Depois de um dia inteiro tinha finalmente conseguido organizar as coisas. Não tinha mais a escova azul no armário do banheiro, nem a velha blusa de moletom “boa pra dormir” no fundo do guarda roupa. No armário já não encontrava mais as várias barras de chocolate ao leite e as pizzas de frango com catupiry.
Não pensou que se livrar das coisas do passado fosse tão difícil, mas precisava. Das cartas ainda não tinha conseguido se livrar, era muito pra ela mas tinha se convencido a guardá-las em uma caixa em cima do guarda roupa: “alto o bastante”. As músicas do MP3 foram trocadas “Chega de Caymmi e Los Hermanos” e as janelas do quarto foram finalmente abertas. Ainda doía, ainda sentia falta do abraço, do cheiro, do toque, nunca pensou que sentiria tanta falta mas estava decidida a pelo menos tentar.
Juntou todas as coisas e colocou em uma caixa “amanhã jogo fora”. Fechou atrás de si aporta da lavanderia deixando pra traz as lembranças, as promessas de futuro, as juras de amor. Tinha decido recomeçar.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Dia dos namorados...

- Não sei...
- E esse aqui? Desse não tem como ela não gostar.
- Pode ser... Tem de outra cor?
- Deixa eu ver, serve vermelho?
- Não, vermelho não!!
- Mas é tão bonito, o senhor não gosta?
- Eu gosto, mas ela não gosta de cores fortes. Tem branco?
- Tem esse outro modelo.
- Esse não.
- O senhor não gostou?
- Eu gostei, quem não vai gostar é ela.
- Deixa eu ver de novo aquele azul.
- Esse?
- É. Tem maior?
- Não, esse é o maior que eu tenho, mas aquele outro modelo eu tenho no tamanho que o senhor precisa.
- Esse não serve, deixa pra lá...
- Mas o senhor não vai comprar nada? É dia dos namorados!
- Eu sei...
- Porque não tenta flores?
- Boa idéia!!
- É uma boa escolha quando se está em dúvida. Ela gosta de rosas?
- Não...

sexta-feira, 17 de abril de 2009

A consulta.

- Gordinha é a mãe!
É isso mesmo, como se já não bastasse estar grávida e isso quer dizer estar enjoada, indisposta e com desejos estranhos, ainda por cima tenho que agüentar ser chama da gorda! Só pra variar, isso tudo é culpa do Pedro que insistiu em me levar ao médico que fez o pré-natal da sua mãe e de todas as mulheres da sua família. Eu disse que queria fazer o MEU pré- natal com o médico que cuidou da MINHA mãe, mas ele veio com aquela história de que eu nunca fazia nada do que ele queria que era intransigente... Resultado fui eu consultar com o tal Adamastor.
Eu devia ter desconfiado que não dava pra confiar em um cara chamado Adamastor .
Pra começar ele atrasou quarenta minutos. Isso mesmo, quarenta minutos! Você sabe o que é esperar quarenta minutos em uma sala mal ventilada com um monte de grávidas passando mal? E os assuntos? Era blá,blá, blá macacãozinho pra cá, blá, blá, blá, mamadeira pra lá, um tédio.
Depois de tanto atraso, me entra na sala um senhor corcunda, careca e de barba branca. Na hora achei que tivesse errado o andar e ido parar na geriatria mas para meu desespero, o sósia do mestre dos magos era o tal médico.
Feitas as devidas apresentações (com direito a dois beijos babados na bochecha), o jovem senhor começou a perguntar sobre a minha gravidez, até aí nenhum problema, o detalhe é que quem respondia as perguntas era o Pedro. Do jeito dele é claro.
- Quanto tempo a senhora tem de gestação?
- Acho que uns três meses não é Silvia? É que nós não temos muita certeza sabe doutor, a menstruação dela não é muito regular. O senhor imagina que o ano passado a menstruação dela atrasou um mês? Nós já tínhamos até marcado um almoço pra dar a notícia da gravidez pra família.
- E existe algum caso grave de doença na família?
- Não...
- Como não Silvia, e aquela prima da sua mãe que morreu de infarto?
- E vocês têm notado alguma mudança grave de humor?
- Ih doutor, ela anda bastante mal humorada. Ah! E se irrita muito também.
- Eu não ando irritada!
- Isso sem falar dos desejos estranhos, o senhor imagina que outro dia ela me fez para em no supermercado de madrugada atrás de um sorvete de pistache.
- E por falar nisso, como anda a alimentação?
- Além dos desejos estranhos ela anda comendo muito doce.
- Eu não como muito doce!
- Não? E aquele monte de brigadeiro que você anda fazendo?
- Ah, mas a senhora não pode comer muito doce, isso faz mal pro bebê.
- Eu já falei isso, mas ela não me escuta!
- Além de prejudicar o bebê, a senhora tem que tomar cuidado porque na sua idade é mais difícil emagrecer.
- Como assim na minha idade? O senhor está insinuando que eu estou velha?
- Não, mas é que...
- Como se não me bastasse ouvir esse monte de besteira, ainda sou chamada de gorda e velha! Tenha santa paciência né, era só o que me faltava!

segunda-feira, 19 de janeiro de 2009

Engano?? Que nada!!

- Trim, trim!!
- Alô!
- Até que enfim atendeu não é seu sem vergonha! Onde foi que você se meteu o dia inteiro Alfredo?
- Quem está falando?
- Como quem está falando? Não se faça de desentendido, quero saber onde você está.
- Eu estou em casa, mas acho que está havendo um pequeno engano.
- Além de tudo é mentiroso, já liguei pra sua casa e ninguém atendeu, quero saber onde você está!!
- Já disse estou em casa, mas acho que você se enganou...
- Eu me enganei o dia em que aceitei noivar com você.
- Olha moça, não sei com quem você quer falar mas com certeza não é comigo, meu nome é João e eu não tenho nenhuma noiva.
- Ai!!! Me desculpa moço, acho que liguei errado.
- Tudo bem essas coisas acontecem.
- Me desculpa mesmo, é que o Alfredo já me fez tanta raiva que até troquei o número do celular.
- Olha, não sei o que esse tal de Alfredo fez, mas, ele não merece que você fique desse jeito por causa dele.
- Eu sei que ele não vale nada mas não consigo deixar aquele safado.
- Que é isso, aposto que você consegue coisa muito melhor.
- Que é isso...
- É verdade, aposto que você é bonita, inteligente, não precisa perder tempo com um cara desses.
- Você nem me conhece, como pode dizer que sou bonita?
- Pela sua voz, ela é linda!
- É mesmo?
- Parece voz de locutora de rádio.
- É sério?
- Claro! Poderia ficar ouvindo você falar a noite inteira.
- Ai, você está me deixando sem graça.
- Desculpe, não foi a intenção.
- Não tem problema, é que eu sou muito tímida.
- Hum, dizem que as tímidas são as mais interessantes.
- E quem foi que disse isso?
- Eu estou falando ué!
- Sei, e você entende tanto assim de mulheres?
- Quem me dera, mas procuro entendê-las, aliás, acho que todo homem devia fazer isso.
- Isso é verdade, o problema é que esses homens hoje em dia só querem saber de diversão, eles não querem saber como nos sentimos.
- Isso não é verdade, eu não sou assim.
- Mas você é uma exceção.
- Na verdade, sou é um romântico idiota.
- Não diga isso, os românticos nunca são idiotas.
- Pode ser, mas nunca consigo uma namorada legal, elas sempre me trocam por um cara mais sarado, bruto, com um carro tunado e um cérebro de ameba.
- Hahaha, você é engraçado.
- Que bom que consegui te fazer rir.
- É verdade, estava mesmo precisando.
- Então, já passou a raiva do Alfredo?
- Já, você tem razão, ele não me merece.
- É assim que se fala!
- Sabe, fiquei curiosa para te conhecer, você parece ser tão legal...
- Eu também, fiquei curioso para ver que rosto tem a dona dessa linda voz...
- O que você acha de...
- Será que você aceitaria...
- No bar da esquina?
- Amanhã as nove?
- Vou estar na mesa perto do caixa.
- E eu levo uma rosa vermelha.